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DIVERSOS

10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

DIVERSOS

NOTA 8,5/10

O filho eterno, de Cristovão Tezza | Resenha

Publicado em 2007, o livro venceu os principais prêmios literários e aborda os conflitos de um pai que descobre que o seu filho recém nascido tem síndrome de Down. O romance também possui um forte aspecto autobiográfico, que deixa a realidade criada pelo autor ainda mais potente.

Confesso que, até ler O filho eterno, tinha lido poucos livros que abordavam a temática de pessoas com deficiência. E quando iniciei a leitura, fui surpreendido com um forte incômodo, já que o pai de Felipe não poupa o leitor na hora de expressar a sua decepção com o diagnóstico do filho. Ainda que a narrativa se passe no final do século passado, em que o conhecimento e as discussões sobre capacitismo fossem menos profundas, é difícil não sentir um desconforto com a figura do pai. Seus pensamentos chegam a ser cruéis, um reflexo de uma sociedade ignorante e repleta de preconceitos.

Aos poucos o protagonista começa uma trajetória em busca de especialistas que pudessem garantir uma condição melhor de vida para o Felipe. São poucos dias de vitórias, que se destacam a uma rotina difícil e frustrante. O pai tem dificuldades de lidar com as expectativas de que se filho se comportará igual a outras crianças típicas, mas com o tempo vemos um fortalecimento na relação entre os dois. Se no início existia uma certa rejeição na ideia de ter um filho com síndrome de Down, o personagem principal vai percebendo que não consegue mais se imaginar vivendo sem todo aquele amor.

É uma narrativa muito mais voltada ao pai, um escritor insatisfeito, com mergulhos nas suas memórias mais antigas. Felipe aparece de uma forma secundária, a partir da reação de seu pai com as dificuldades e conquistas da relação paternal. Uma das passagens que mais me tocou foi sobre a capacidade de amar que o filho possui. Felipe sabe amar incondicionalmente, o que o destaca em relação as demais crianças.

A leitura é impactante e, ao gerar um desconforto no leitor, nos faz refletir sobre temas importantíssimos relacionados a pessoas com deficiência e paternidade.

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A gente mira no amor e acerta na solidão, de Ana Suy | Resenha

Esse é um daqueles livros que eu acabo conhecendo por conta de indicações que eu recebo de vocês. O livro de Ana Suy começou a aparecer com frequência aqui nas mensagens, com pessoas dizendo: “Acho que você vai gostar, já que adorou o Talvez você deva conversar com alguém”. E resolvi confiar na opinião de vocês, já que em grande parte das vezes vocês acertam!

NOTA 8/10

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Canção para ninar menino grande, de Conceição Evaristo | Resenha

Para quem já leu alguma obra de Conceição Evaristo, um dos principais nomes da literatura nacional, sabe que a potência de suas narrativas está, em boa parte, na força das suas personagens mulheres. Em “Canção para ninar menino grande”, no entanto, temos uma característica que a distingue dos demais livros: a narrativa tem como personagem principal uma figura masculina, Fio Jasmim. Mas, mesmo assim, as mulheres ainda têm papel central na obra, já que a vida do protagonista é contada a partir da perspectiva das mulheres com que se relacionou.

NOTA 9/10