Na verdade, essa ideia é totalmente falsa e vou tratar mais especificamente sobre literatura russa em um post específico. É que antes de começar essa resenha, só queria deixar bem claro que a literatura russa é sim acessível e muito atual, o que fica evidente com a leitura dessa obra.
“Gente pobre” foi o primeiro romance de Dostoiévski e, já na época da publicação, foi responsável por trazer grande notoriedade ao autor. O romance é escrito em forma epistolar, isto é, por meio de cartas trocadas entre Makar Diévuchkin, um funcionário público já em sua velhice, e sua vizinha Varvara, uma jovem orfã. E ao longo da cartas, o que une os personagens é a pobreza, a pobreza no seu sentido material: é a falta de dinheiro para comprar comida, para comprar roupas decentes, isto é, para ter uma vida digna. E é justamente por meio de suas cartas que os personagens compartilham suas privações, como se recorressem um ao outro e a valores ricos – como a amizade e o cuidado pelo próximo – para conseguir sobreviver a essa falta material.
Apesar de ser seu romance de estreia, a obra já revela a genialidade do autor que, com apenas 25 anos (!!), consegue se aprofundar no íntimo do ser humano, de maneira extremamente sensível. Como já disse outras vezes, romance epistolar não é um gênero que me agrada tanto, pois muitas vezes se torna cansativo. Assim, no caso de Gente pobre, até por ser um livro denso, sugiro uma leitura mais lenta, feita aos poucos. Lido para o incrível projeto da @isavichi !
“(…) uma pessoa pobre é pior que um trapo e não é digna de nenhum respeito da parte de ninguém, seja lá o que for que escrevam.”
Dica: em uma parte do livro, os personagens fazem bastante referência ao conto “O Capote”, de Gogól. Por isso, para quem se interessar, indico a leitura do conto – que, por sina, é excelente – antes de iniciar o livro.
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