Escrever sobre um clássico da literatura como “A insustentável leveza do ser” não é nada fácil! E isso se dá, principalmente, pelo fato de a obra de Kundera ir muito além de uma simples história sobre dois casais, amor e traição. E isso já é facilmente percebido pelo leitor que, logo no início do livro, se depara com diversas reflexões. E é isso mesmo: se valendo do papel de um narrador ativo, Kundera vai preenchendo o enredo com questionamentos filosóficos e reflexões sobre o ser humano e seus relacionamento. E como pano de fundo para essa obra, Kundera apresenta a vida de quatro personagens, Tomas, Tereza, Sabina e Franz, na Praga, ocupada pelos soviéticos, da década de 60. São dois casais que vivenciam conflitos constantes entre sexo e amor e que têm como ponto em comum a busca pelo sucesso em suas relações afetivas. No entanto, o que é esse sucesso? Aí que está a genialidade do autor, que mostra como cada indivíduo, com suas próprias angústias e anseios, possui diferentes formas de enxergar a leveza (e o peso) do ser. E é essa oposição peso e leveza que influencia de forma distinta as escolhas dos personagens e como cada um deles vai reagir aos acontecimentos de sua vida. Também me chamou a atenção a capacidade que o autor tem de entrelaçar os aspectos históricos da República Tcheca com a vida dos personagens, dando uma forte sensação de perda de identidade de um povo.
Um livro profundo e reflexivo, daqueles que fica inteirinho marcado ao final e que ainda vai precisar de novas leituras…Ah, recomendo muita atenção na leitura, já que, apesar de usar uma escrita simples, a narrativa construída por Kundera não é linear, com um intenso vai e volta. Leitura recomendadíssima!
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. “Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.
Em compensação, ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semirreal, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.
O que escolher, então? O peso ou a leveza?”.
Muito bom.Reavivante,sem dúvida!!!!!!Parabens!!!!!!