Barry, o protagonista deste romance, é um personagem peculiar e que tem tudo para ser um anti-herói. Nascido em uma ilha caribenha, Barry vive há muitos anos em Londres, onde leva uma vida boêmia e aparentemente comum. Aos 74 anos, o personagem é casado, bem sucedido, tem duas filhas e um neto. No entanto, esconde um segredo há décadas: tem um relacionamento com Morris, o seu melhor amigo de infância.
Mas apesar da sensibilidade do tema, por viver um amor escondido e mascarar a sua sexualidade, Barry tem comportamentos e opiniões polêmicas, que podem gerar uma certa antipatia do leitor. O protagonista é machista, deixa a esposa de lado e destila preconceitos – o que, para mim, soa como até mesmo uma defesa por não se aceitar como um homem gay.
E além de misturar temas e personagens pouco convencionais, o sucesso Bernardine Evaristo coloca um forte tom bem humorado e sarcástico ao seu texto. Na minha opinião, o resultado deu muito certo. A autora nos mostra que podemos falar de assuntos delicados, mas sem necessariamente mergulhar em um tom melancólico e de difícil digestão.
Ao longo dos capítulos, vamos conhecendo um pouco do passado dos principais personagens que fazem parte da vida de Barry. E é muito interessante perceber como as escolhas do protagonista acabam impactando a vida de sua família e de Morris, a sua verdadeira paixão. O seu egoísmo deixa marcas.
O livro foi escolhido para o sentimento CULPA do #DesafioBookster2024 e tem vídeo com o querido @fcustodio sobre essa leitura no meu canal do YouTube. Entre no Telegram do Desafio Bookster para ficar por dentro (link na bio).