Me deparei com a incrível AnaMi, como era carinhosamente chamada, depois de ter lido o livro “A morte é um dia que vale a pena viver”, da Dra. Ana Claudia Arantes, médica especializada em cuidados paliativos. Com a Dra. Ana Claudia, comecei a compreender a importância e o real significado da medicina paliativa. AnaMi era não apenas uma paciente, mas uma grande amiga da médica.
A ideia de escrever o livro surgiu depois que AnaMi foi diagnosticada com um câncer de mama metastático, quando tinha 32 anos. Ou seja, de acordo com os seus médicos, não havia cura para a sua doença, mas apenas uma possibilidade de controle, enquanto o paciente deveria aproveitar os anos que ainda tinha pela frente. A autora se viu de cara com a morte.
A realidade de AnaMi fez com que ela não passasse a sofrer diariamente com o medo do que viria pela frente, mas sim que aprendesse a viver intensamente o dia de hoje, que era a sua – e a nossa – única certeza. E é essa jornada que a autora compartilha com nós em “Enquanto eu respirar”, um belíssimo relato autobiográfico sobre cuidados paliativos, medo da morte, incertezas, mas, sobretudo, de alegria, bom humor e vontade de viver.
Além disso, grande parte da obra é voltada para a sua emocionante amizade com Renata, uma companheira de jornada e paciente paliativa que exalava sabedoria na forma com que lidava com as dificuldades. A relação entre as duas é inspiradora e nos faz refletir demais sobre o valor que damos a nossa saúde e aos dias que vivemos.
Terminei o livro com muitas lágrimas nos olhos e, por uma triste coincidência, fiquei sabendo que a AnaMi faleceu algumas horas depois. Recentemente, foi lançada uma obra póstuma da autora, “Entre a lucidez e a esperança”, em que ela discorre sobre os últimos anos e a sua lista de desejos. Vocês ainda podem continuar acompanhando o lindo trabalho que ela criou com o @paliativas!
Leiam AnaMi, assim temos a certeza de que suas palavras continuarão vivas por muitos tempo!