Eita, falar de Saramago para mim não é fácil, porque sei que vou ficar lançando um elogio atrás do outro. E sempre que vou recomendar algum livro desse gênio para alguém, eu já faço um alerta: a leitura é densa e exige tempo. Tempo para aproveitar e digerir a habilidade que Saramago tem com as palavras e com a língua portuguesa. E quando me perguntam por qual livro começar, falo sem dúvidas: “O conto da ilha desconhecida”.
O livro é curtinho, um conto, e, por isso, não vai te demandar tanto (mas não duvide da sua profundidade). Conheço pessoas que começam a ler Saramago, se assustam com aquelas frases longas e acabam deixando de lado. Por isso, “O conto da ilha desconhecida” vai te “assustar” menos. Mas não é para ter medo das obras de Saramago, até porque elas não são difíceis… A forma como o autor usa – ou deixar de usar – a pontuação pode causar certa estranheza, mas o leitor se acostuma. Na verdade, como já falei, basta paciência e atenção! Se você conseguir seguir assim, a experiência é muito enriquecedora.
E como o livro é tão curto, fica difícil de falar muito sobre o seu enredo. É, como a própria sinopse indica, uma parábola do senho realizado. O sonho de um viajante que pede ao rei um barco para conseguir chegar até uma ilha desconhecida. Se a história é simples, você vai se surpreender com a sensibilidade da escrita e das mensagens por trás do desejo desse viajante. No final, o que essa ilha desconhecida representa em nossas vidas?
“Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós…”