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DIVERSOS

#DesafioBookster2024 | Novembro

NOTA

DIVERSOS

Mamãe & eu & Mamãe, de Maya Angelou | Resenha

A busca por uma efetiva reconciliação entre pais e filhos é tratada na literatura há séculos. Para a ativista e poeta norte-americana, Maya Angelou, esse processo teve início muito cedo, aos 13 anos. Depois de problemas no casamento, Maya e seu irmão mais velho foram abandonados pela mãe quando os dois ainda eram muito pequenos. A infância foi vivida na casa da avó paterna, em um estado racista no sul dos Estados Unidos.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 8,5/10

Pão de açúcar, de Afonso Reis Cabral | Resenha

Com apenas 30 anos, o escritor português venceu o Prêmio Saramago com este livro que, de forma gradual, insere o leitor no cenário de um crime chocante e muito dolorido. O fato histórico sobre o qual o romance é construído é verídico: em 2006, Gisberta, uma transexual brasileira, foi torturada e morta por jovens, na cidade de Porto, em Portugal.

Pouco se sabe sobre o que teria motivado os jovens a cometer o assassinato e foi justamente a partir desse vácuo de informações que o autor, se valendo do seu frutífero imaginário, cria sua narrativa. É uma forma de tentar levar ao público um pouco mais da vida de Gisberta e, ao mesmo tempo, dar uma versão para a historia dos agressores, a partir da voz de Rafael.

E talvez o mais chocante é perceber que os agressores não passam de crianças, meninos que vivem semi abandonados em abrigos da cidade. Em nenhum momento o autor tenta justificar o ocorrido, mas o que faz é ao menos dar uma visão sobre a realidade vivida pelos garotos. Em Porto, é no esqueleto de um prédio abandonado que os jovens começam a criar uma relação com Gisberta, uma relação que oscila entre admiração e repulsa e termina de forma trágica. Confesso que os últimos capítulos são de difícil leitura por conta da crueldade que envolveu o crime…

Também vale dizer que, por ser escrito em “português de Portugal”, senti um pouco de estranheza nas primeiras 50 páginas, o que talvez até tenha dificultado a minha conexão com a leitura. Mas, ao poucos, me acostumei e logo passei a ficar muito ligado à conflituosa relação dos garotos com Gisberta, sofrendo por um final que já estava marcado nos jornais e na belíssima música gravada por Maria Bethania (“Balada de Gisberta”).

Além de permitir ao leitor uma experiência literária marcante, “Pão de Açúcar” também exerce um papel necessário na denúncia das consequências brutais que uma sociedade preconceituosa pode trazer para a vida de uma cidadã inocente e marginalizada. Gisberta vive nessas páginas.

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Torto Arado, de Itamar Vieira Junior | Resenha

Não tenho dúvidas de que 2020 foi o ano do “Torto arado”. Vencedor de dois prêmios literários de extrema relevância (Prêmio Jabuti e Oceanos), o livro de Itamar também conquistou o gosto do público leitor. E com tanta crítica positiva sobre o livro, fica até difícil fazer comentários, seja pelo risco de ser repetitivo, seja pelo medo de fazer algum comentário que possa ir contra a opinião do público.

NOTA 10/10

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Pachinko, de Min Jin Lee | Resenha

Do início dos anos 1900 na Coreia, até o final do século XX no Japão, Min Jin Lee nos apresenta a história das gerações de uma família coreana que precisou sobreviver à pobreza da região rural e à violência da ocupação japonesa no país. É o exemplo de uma, dentre as milhares de famílias de imigrantes coreanos no Japão que precisaram esconder suas origens por conta do preconceito. Nessa obra, a autora consegue mesclar de forma muito habilidosa a vida dos personagens com o contexto histórico em que estavam inseridos.

NOTA 9/10