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DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA

A mão esquerda da escuridão, de Ursula K. Le Guin | Resenha

A premissa desse livro é muito interessante, sobretudo quando consideramos as temáticas por ele abordadas e a época em que foi lançado, em 1969. A história é construída a partir de uma missão diplomática, em que um ser humano, Genly Ai, é enviado para Gethen, um planeta extremamente distante da Terra, para tentar convencer os governantes a integrar uma comunidade interestelar. E, para a supresa de Genly Ai, os indivíduos de Gethen não possuem gênero, são andrógenos. ⁣

Cada indivíduo nasce com um gênero neutro e, em cada período sexual, se desenvolverá para o que biologicamente entendemos como homem e mulher. Considerada como uma das principais referências no gênero da ficção científica, Le Guin desperta discussões muito interessantes sobre os papéis e as relações de gênero. Por meio do choque cultural vivenciado pelo protagonista, percebemos como muitas das características que associamos ao homem e à mulher estão ligadas tão somente a construções sociais. ⁣

A todo momento, Genly Ai acaba fazendo um paralelo com a nossa forma de sociedade, em que a mulher e o homem desempenham funções diferentes (imagine considerando a época em que foi publicado). Em Gethen, qualquer um pode gerar um filho e, quando não estão em sua fase sexual, vivem sem um instinto carnal influenciando suas decisões e atitudes. ⁣

Durante a leitura, também vamos encontrando reflexões sobre a sexualidade, relações de amizade e interesses políticos. A autora ainda se vale de uma escrita muito rica em sua obra. O foco não está apenas nos acontecimentos, mas também na forma como os cenários e sentimentos são descritos.⁣

Mas confesso que o livro demora um pouco para engatar, até mesmo pela quantidade de nomes e termos associados ao novo planeta. Da mesma forma, algumas passagens podem ter um ritmo mais lento, com divagações e pouca ação. Por isso, não comece o livro esperando uma leitura repleta de aventura, mas tente aproveitá-lo levando em conta as temáticas nele trazidas e o seu caráter inovador e questionador para a época em que foi publicado.

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LIVROS, NÃO FICÇÃO

As bruxas da noite, de Ritanna Armeni | Resenha

Publicado em 2018 por uma jornalista italiana, a obra chegou ano passado aqui no Brasil, mas não tinha visto ninguém falar sobre ela ainda… Acabei descobrindo a obra por acaso, em pesquisas na internet para o Desafio Bookster. E que boa surpresa, sobretudo porque gosto dos livros jornalísticos que têm uma narrativa mais romanceadas, e menos informacional, exatamente como é o caso de “As bruxas da noite”. ⁣

NOTA 9/10

DIVERSOS

#DesafioBookster2020 | Setembro

Um dos aspectos mais positivos do Desafio Bookster para mim é o incentivo à leitura de obras e gêneros que não costumo ler muito. Apesar de serem extremamente populares, os livros de suspense não aparecem com tanta frequência na minha lista de leituras.

NOTA