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DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO

NOTA 7,5/10

O complexo de Portnoy, de Philip Roth | Resenha

Polêmica. A leitura de uma das obras mais conhecidas de Philip Roth deixa nítida a intenção do autor em causar um incômodo no leitor, se valendo da temática da masturbação e dos conflitos familiares como objeto central das angústias e insatisfações do personagem principal. E se isso causa um pouco de estranheza hoje em dia, é difícil imaginar o impacto que teve na sua publicação, ocorrida em 1969.

O livro é construído a partir dos pensamentos e diálogos de um bem-sucedido advogado de Nova York com o seu psicanalista. Revivendo passagens de sua infância e juventude em uma família tradicional judia, Alex Portnoy vai tentando identificar quais as origens de seus “problemas”. É uma enxurrada de reclamações do paciente sobre a relação extremamente protetiva e asfixiante com sua mãe, em paralelo com sua fase de formação sexual e de descoberta do próprio corpo… uma verdadeira fixação do personagem principal com esses temas, que fazem dele um narrador bem “chato”. Além disso, os questionamentos envolvendo a religião de Alex Portnoy também aparecem com bastante frequência na leitura.

E a forma como Roth apresenta o fluxo de pensamentos do personagem é carregada de um humor ácido e satírico. A escrita não tem muito filtro e o autor não se preocupa em agradar o velho – e ultrapassado – conceito da “moral e bons costumes”. Mas, por outro lado, o comportamento de Alex Portnoy extrapola limites e se choca com machismo e racismo.

Apesar de enfrentar temas polêmicos e tabus de forma cômica e inteligente, achei a leitura um pouco cansativa. O livro parecer ir e vir sem muito destino. Essa pode até ter sido a intenção do autor, criar uma narrativa não linear, mas para mim acabou não funcionando muito bem. Não cheguei a cogitar abandonar a leitura, apesar de arrastada, e terminei o livro com vontade de ler outras obras do autor. Até então, só havia lido “A humilhação”, que posso dizer que me agradou mais do que “O complexo de Portnoy”.

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Sabe quando você resolve ler um livro ao acaso, furando toda a fila de leituras programadas sem saber muito o porquê? Isso aconteceu com essa leitura, que comecei logo antes da minha última viagem...

NOTA 9,5/10