Quando você é apaixonado por um livro e decide começar uma nova leitura do mesmo autor, é difícil não chegar com expectativas altas. O autor português Miguel Sousa Tavares criou “Equador”, um romance histórico maravilhoso e que foi um dos responsáveis por despertar meu amor pela literatura. Desde então, também li “Rio das flores” e adorei. Quando Tavares lançou seu último livro, em 2022, não podia deixar de conhecer essa narrativa que prometia trazer um pouco da memória coletivo que tivemos com a pandemia do COVID. Mas me decepcionei…
A obra é construída a partir de duas perspectivas e se passa sobretudo na Espanha. De um lado, temos Pablo, um senhor com mais de 90 anos e que vive em uma casa de idosos. Seu passado, no entanto, é cheio de histórias, já que o personagem lutou na Guerra Civil Espanhola, precisou se refugiar na França e acabou sendo mandado para um campo de concentração na*ista, onde lutou por anos pela sua sobrevivência.
De outro lado, Tavares nos apresenta uma jovem médica, Inez. Sua vida é, aos poucos, atravessada pelo novo vírus que começa a contagiar rapidamente as pessoas, alimentando um número cada vez maior de vítimas fatais. Ninguém estava preparado para a realidade a ser enfrentada nos hospitais. Inez precisa lidar com os desafios impostos pela pandemia, ao mesmo tempo em que vive uma paixão por um médico italiano, um segredo em seu casamento.
Por conta desse cenário imprevisível e avassalador, a história de Pablo e Inez se cruzam, de uma forma pouco convencional.
A primeira parte da leitura conseguiu me envolver, sobretudo em virtude do passado de Pablo. Sua história é repleta de emoções e dificuldades, me fazendo lembrar da qualidade do autor em construir romances históricos. Contudo, ao tratar de nossa história mais recente, apesar de ser interessante ler sobre um acontecimento tão recente, senti que Tavares se limitou a contar o que vivemos na pandemia de uma forma generalizada e apressada. Isso me desconectou da narrativa e me deixou com a impressão de que o encontro entre os dois personagens foi forçada. Não è uma leitura ruim, mas ficou distante do que já li do mesmo autor.
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