Luxúria. Foi a partir desse pecado capital que João Ubaldo Ribeiro escreveu uma de suas principais obras, que virou um clássico nacional da literatura erótica. Sem filtros e sem medo de impactar e causar incômodo no leitor, o autor dá vida às memórias de uma mulher misteriosa, que se denomina pelas siglas CLB.
E por trás de tantas descrições e fantasias sexuais, pode-se perceber uma mulher que não tem medo de ser livre para g0zar da forma que bem entender. É um chacoalhão em uma sociedade moralista e hipócrita. Mas até os mais “cabeça aberta” podem ser surpreendidos pelos relatos de CLB. Para mim, há momentos que foram difíceis de digerir.
E talvez se esse livro tivesse sido escrito hoje em dia, seria difícil fazer a leitura sem maiores críticas. Mas, tendo sido escrito no final do século passado, fica claro que a mentalidade por trás da construção das memórias eróticas de uma mulher é um reflexo daqueles tempos. Um homem pretender escrever sobre a libertação de uma mulher? Não seria uma visão distorcida, contaminada pelo imaginário masculino sobre o t3são da mulher?
O humor ácido e as críticas contidas na construção do texto foram, para mim, o ponto alto. São muitos os temas – polêmicos – que o autor aborda por meio de sua narradora. Fui com muitas expectativas e, por conta disso, talvez tenha me decepcionado um pouco. Achei interessante o conjunto da obra, mas não foi um livro que amei. Estou doido para assistir à adaptação da obra comandada por Fernanda Torres.