Eu fiquei encantando com a leitura de “A vida pela frente”, do autor francês Romain Gary. Desde então, foram publicados outras obras do autor no Brasil, sendo uma delas “As pipas”. O livro foi escolhido para o Desafio Bookster desse ano no mês em que o tema era a 2ª Guerra Mundial.
E o que me fez escolher o livro, além do interesse por Gary, foi o fato de a narrativa mostrar a guerra – e o período que a antecedeu – a partir de uma perspectiva não tão vista nos livros: a vida de uma criança, de alguém que não estava no front das batalhas. Nos deparamos com a realidade de quem foi afetado pela guerra no cotidiano de uma vida aparentemente comum e que é mantida pela esperança do fim do conflito.
O cenário é a Normandia, no norte da França. O protagonista é Ludo, um menino que vive com seu tio, Ambroise, um personagem peculiar e famoso pela fabricação de pipas (e daí vem a origem do título do livro). As pipas, inclusive, acabam se tornando como um personagem da história, que confere um tom meio mágico ao ambiente criado.
Além da interessante relação com o tio, grande parte da obra aborda a obsessão de Ludo com uma jovem de família polonesa, Lily. Os dois se conhecem no período que antecedeu a guerra e a amizade – ou talvez uma possível relação amorosa – acaba sendo tumultuada pelo caos e a insegurança que tomam conta da atmosfera da Europa.
A narrativa tem um ritmo mais lento, mas isso não me incomodou. Li com calma, apreciando a escrita do autor e a forma como o cenário era construído. Recomendo para quem gosta de um romance histórico, mas não espere grandes acontecimentos.