Uma leitura que pode facilmente ser feita em um único dia, mas que fica muito tempo nos seus pensamentos. Essa pequena obra, construída quase como se fosse uma fábula, encanta pela sensibilidade e incomoda pela tristeza dos acontecimentos descritos.
É na simplicidade da narrativa e de seus personagens que o autor conquista ao descrever a brutalidade do nazismo e dos campos de concentração. O autor francês, conhecido pelo seu trabalho como dramaturgo, nos traz um acontecimento histórico que foi por ele vivido. Quando ainda criança, viu seu pai ser levado para um campo de concentração, do qual nunca voltou. Essa relação pessoal que o Grumberg tem com o fato histórico com certeza trouxe mais sensibilidade na hora de escrever o texto.
Um casal de lenhadores, muito humildes e pobres, tentam sobreviver ao frio inverno em que a escassez de comida é uma preocupação constante. Ao leitor pouco é apresentado sobre o casal além do sofrimento diário. Mas suas rotinas imutáveis acabam se transformando quando um trem que atravessa seus caminhos lhes fornece uma surpresa.
Não posso contar mais sobre o enredo, porque a descoberta de cada passo desse caminho literário que o autor constrói para nós é uma experiência marcante. Recomendo você começar a leitura sem procurar mais saber sobre o que encontrará.
Um livro sobre escolhas dilacerantes e sobre o amor como laço que une o desconhecido. Com essa curta resenha, deixo a minha forte recomendação que, sendo bem clichê, não leva tem joia só no nome, mas também em suas páginas.