Você já leu literatura equatoriana? No Brasil, ainda encontramos muita dificuldade de acessar autoras de países mais periféricos do mercado editorial. É importante valorizar quando editoras fazem esse movimento de trazer obras pouco conhecidas, o que é o caso de “Mandíbula”, da equatoriana Mónica Ojeda, que agora povoa as livrarias após a publicação da @autentica.contemporanea !
Antes de iniciar a leitura, procurei ler opiniões na internet, um hábito que tenho na hora de escolher os livros. Me deparei com opinões bem diferentes umas das outras. No entanto, algo que estava presente em quase todas as críticas era o quanto o romance de Ojeda era perturbador!
A narrativa tem como ponto de partida o sequestro de uma aluna do ensino médio por sua professora de literatura, Miss Clara. Uma situação bastante inusitada e que logo no início já aguça a curiosidade do leitor: qual seria o motivo disso? Com o passar dos capítulos, vamos adentrando às memórias da professora e da aluna para compreender o presente. Aos poucos o leitor vai descobrindo que o passado da professora é muito mais complexo e cheio de traumas. Por outro lado, conhecemos um pouco mais de uma estudante fascinada por histórias de terror e com ideias arrepiantes.
E o que deixa mais perturbadora a obra não é o enredo em si, mas a escrita de Ojeda. Uma linguagem crua, que toca em temas sensíveis como relações familiares, sobretudo a relação entre mãe e filha, sexualidade e violência. Tudo isso junto e misturado. É uma paranoia, um horror de verdade, um livro sobre o medo íntimo.
A leitura me prendeu e no começou gostei bastante. O problema é que senti falta de um melhor desenvolvimento da narrativa. Acho que fiquei esperando mais acontecimentos quando, na verdade, o objetivo da autora foi focar nos traumas e no passado dos personagens. Isso acabou prejudicando minha experiência com o livro e, apesar de ter lido super rápido, fiquei com a sensação de que faltou algo a mais. O problema com expectativas…
Se a premissa do livro te interessou, vai com tudo! Mas lembre-se, essa não é uma leitura para qualquer um.