Considerado um dos grandes inovadores da literatura afro-americana nas décadas de 50/70, Baldwin cria uma romance carregado de reflexões sobre desigualdade social e racial. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O cerne da história é a relação de dois jovens, Fonny e Tish, que planejam um futuro juntos e em condições melhores, mas que precisam enfrentar uma sociedade que os discrimina por sua cor de pele e por sua condição social. O cenário é Harlem, um bairro do subúrbio de Nova Iorque, nos anos 70. Logo no início, o leitor recebe a notícia de que Fonny está preso, acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, apesar da falta de provas nesse sentido. Tish, que carrega um filho de Fonny, passa a fazer de tudo para conseguir comprovar a inocência de seu companheiro. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A partir dessa situação, os capítulos passam a alternar entre o presente, com a luta pela libertação de Fonny, e o passado, por meio das memórias de Tish sobre o início de seu relacionamento com Fonny até os fatos que o levaram à prisão.
Ao longo da narrativa, fica nítida a dificuldade de se conseguir o acesso à justiça quando faltam recursos e quando se nasce em condições desfavoráveis. O desespero de Tish e de sua família é realmente comovente; todos passam a se esforçar ao máximo para conseguir, ao menos, pagar um advogado para Fonny. Por outro lado, a família do acusado pouco faz para ajudá-lo, criando até mesmo uma sensação incômoda no leitor: é a falta de afeto e humanidade naqueles que deveriam ser os primeiros a defendê-lo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
É uma história sobre a condenação pela raça, de uma sentença sem defesa, em que o amor e a resistência podem ser as únicas armas para se defender. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Apesar de ser uma leitura muito fluida e prazerosa, com inúmeras referências a músicas de jazz e blues, confesso que senti um pouco de falta de maior aprofundamento nos personagens. O final também me pareceu um pouco abrupto, como se o autor tivesse pressa em finalizar a obra. De todo modo, recomendo a leitura, que me deixou com vontade de conhecer mais sobre as obras de Baldwin.
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“Não se podia comprar o tempo. A única moeda que o tempo aceitava era a vida.”
E aí, o que acharam? Alguém já leu?
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