Depois de anos do evento, o narrador personagem, amigo de Santiago, passa a investigar como foi o último dia do protagonista. Ele conversa com as pessoas que se encontraram com Santiago no dia de seu assassinato para tentar refazer os seus passos e compreender as circunstâncias de sua morte.
Nesses relatos, o leitor vai percebendo que o destino de Santiago era sabido por todos que estavam a sua volta, mas que nada fizeram para tentar evitá-lo. Esse cenário desperta uma sensação de revolta e impotência no leitor, que não consegue acreditar na omissão e negligência dos demais habitantes dessa pacata cidade. E nas entrelinhas da obra, o autor faz uma crítica implícita a uma sociedade marcado por pessoas que fingem não ver os problemas que passam em sua frente, como se eles não fossem de “sua conta”. Também é muito interessante perceber como são diferentes as versões contadas por cada um e como esses personagens tentam utilizam essa conversa com o relator para justificar – ou tentar aliviar – a sua atitude omissa com o crime. Essa gama de versões ainda contribui para que o leitor possa construir uma visão mais completa do ocorrido, criando a sensação de que está se deparando uma história real.
Com menos de 200 páginas, a obra traz uma escrita rápida e muito cativante… um livro que provavelmente será lido em pouquíssimos dias! Acho que é uma ótima opção para quem quer conhecer a obra de Gabo, sem ir direto para os incríveis – e densos – “Cem anos de solidão” e “O amor nos tempos do cólera”. Mais uma excelente leitura concluída para o #desafiobookster2018!
Trecho: “No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30m da manhã para esperar o navio em que chegava o bispo.