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A busca por uma efetiva reconciliação entre pais e filhos é tratada na literatura há séculos. Para a ativista e poeta norte-americana, Maya Angelou, esse processo teve início muito cedo, aos 13 anos. Depois de problemas no casamento, Maya e seu irmão mais velho foram abandonados pela mãe quando os dois ainda eram muito pequenos. A infância foi vivida na casa da avó paterna, em um estado racista no sul dos Estados Unidos.

NOTA 9/10

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NOTA 07/10

A gorda, Isabela Figueiredo

A protagonista desse romance, Maria Luísa, é uma portuguesa nascida em Moçambique e enviada pelos pais para um colégio interno em Portugal quando ainda era bem jovem. Apesar de inteligente e  boa aluna, sua aparência acaba tornando a protagonista um alvo de piadas: Maria Luísa é gorda. Com o tempo, a protagonista aprenda a lidar com sua aparência física, muito embora essa sua característica afetará diversos aspectos de sua vida. Narrada em primeira pessoa, a história nos é contada por uma Maria Luísa fisicamente diferente, como já se denota na primeira frase do livro: “Quarenta quilos é muito peso. Foram os que perdi após a gastrectomia: era uma segunda corpo que transportava comigo. Ou seja, que arrastava”.

Assim, comecei a ler “A gorda” com a expectativa de encontrar um romance sobre os conflitos de uma jovem que sofre com o seu peso e com a sua imagem.  No entanto, diferente do que propõe, ao longo da leitura percebi que o “ser gorda” desempenha um papel muito mais secundário da obra de Isabela Figueiredo. O seu problema com o corpo aparece apenas em algumas passagens, de forma superficial. Na verdade, a narrativa é muito mais voltada para as angustias da protagonista, e sua relação conturbada com David, seu primeiro amor, e principalmente com seus pais, que depois se mudam para Portugal para viver com a filha. É, na minha opinião, um livro de memórias soltas e que marcaram a vida de Maris Luísa.

Essa expectativa não correspondida da proposta do livro talvez tenha contribuído – negativamente – para a minha experiencia com a leitura: achei um livro bom, mas com partes cansativas. Não há como negar que Isabela Figueiredo escreve muito bem, com passagens muito marcantes e que despertam reflexões no leitor. A autora mescla uma linguagem crua e afiada, com um forte – e ótimo – toque poético.

Também achei muito interessante a premissa utilizada pela autora para construir seu romance: cada capítulo tem como título um dos cômodo da casa em que Maria Luísa viveu com seus pais em Portugal e já inicia com a descrição de cada ambiente. A ideia é contar momentos marcantes de sua vida, por meio de um passeio com o leitor nos aposentos de sua casa.

Por fim, acho legar dizer que a obra aparenta ter toques autobiográficos. Isso porque, assim como Maria Luísa, a autora também nasceu em Moçambique e se mudou para Portugal, além de ter se submetido a uma gastrectomia. Essas semelhanças com certeza desempenharam um papel importante na relação da autora com “A gorda”, um livro carregado de memórias e emoções.

Editora: Todavia

Ano da edição: 2017

Número de páginas: 205

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