De um lado, Heinrik, general do império austro-húngaro e nascido em uma família aristocrata. De outro, Konrad, seu amigo de infância que, depois de uma tarde aparentemente normal de caça, resolve desaparecer. E passadas mais de quatro décadas desse sumiço, quando os dois “antigos” amigos já estão no final da vida, Konrad aparece para um reencontro.
E o leitor logo se pergunta: quais teriam sido os motivos para o fim de uma amizade tão forte? Essa é a pergunta que vem remoendo e assombrando os pensamentos do general há 41 anos e 43 dias contados. Sim, durante esse longo período, Heinrik sofreu com as possíveis justificativas para esse abandono repentino. As incertezas são uma fonte de sofrimento corrente para o general (o que me lembrou do nosso clássico Dom Casmurro). E o autor sabe como usar esse mistério: vai progredindo na narrativa no ritmo certo, levando o leitor para momentos do passado, desde a infância e juventude dos amigos, para tentar encontrar o verdadeiro motivo para o fim da amizade. As respostas vão aparecendo ao longo do livro, enquanto o leitor acompanha o diálogo profundo e sensível construído pelo autor. O general até suspeita de um possível motivo, mas não consegue acreditar que o amigo poderia traí-lo de tal forma – são tantas dúvidas e rancores alimentados pelo general que o diálogo é, na verdade, um monólogo.
Minuciosamente descrito pelo autor, o cenário por trás dessa história é um dos pontos altos da obra: um castelo na Húngria, cercado por densas florestas, no qual viveram várias gerações de uma família aristocrata. Apesar do pouco número de páginas (cerca de 170), a leitura leva mais tempo, com um texto profundo e detalhado que deve ser aproveitado pelo leitor nos mínimos detalhes. Um clássico sobre amizade, paixão e vingança escritor de forma excepcionalmente sensível e profunda!
“Nesse instante, ambos perceberam que o que lhes dera força para se manterem vivos nos anos e anos que tinham se passado era a expectativa de se encontrarem. Como acontece com os que levaram a vida toda se preparando para uma única missão e de repente chega o momento de agir, Konrad sabia que um dia retornaria àquele lugar, e o general sabia que um dia chegaria aquele momento. Foi isso que os manteve em vida.”
Curiosidade: Livro do mês de maio do #desafiobookster2018, foi publicado em 1942, em um período conturbado de início da 2 Guerra Mundial.
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Amei o livro! A diálogo (quase um monólogo na realodade) quando os dois se reencontram é perfeito. São páginas e páginas com uma linearidade de pensamento que realmente só existiria após uma espera de mais de 40 anos. Com certeza é um livro que vou reler mais algumas vezes. 😉